( S J BRITO )
Sou um viajante solitário a procura da fonte de onde emana a Luz Maior.
Busco na introspecção alcançar um ambiente calmo e acolhedor. A “Zarzuela” me inspira e a minha respiração, já ofegante, provocada por excessos de excitações provenientes de origens diversas, é tocada pelos sons, ainda longínquos, começa lentamente a absorvê-la e num reflexo, os olhos materiais passem a vislumbrar o Nada. Isso ocorreu num: Zás-Trás.
E de longe, vem surgindo uma suave abordagem a feita pelo “O Morcego” de Strauss, que começa a sugar o srress e me convida a “viajar,” a acompanhá-lo em um vôo além das sensações que não são percebidas pelas freqüências materiais existentes dentro do ser humano. É um convite irresistível e irrecusável
Não tem como deixar de aceitar, uma vez que essa carona levará a uma possível terapia a fim de driblar o stress que nos acompanha e, que a partir daí, pode começar a perder forças, e é o que acontece com a chamada “Can Can” de Rossini, complementada pelo apoio de “Dom Giovani” de Mozart, “Coro dos Escravos Hebreus” de Verdi e do som de “Andante” de Vivaldi! E, concluída, por Bach, com sua “Ária na Corda Sol” – Como resistir? !!!
O stress, como por encanto some. Na interação, semiótica dos sons e palavras musicais. Na simbiose da música e instrumento que Waldtenfel nos conduz por meio dos seus “Patinadores”, consolidando-se mais ainda com a chegada da “Bachianas nº 5” de Vila-Lobos, que são impregnadas de magia, e nos faz lembrar “A Belle Hèlené” que Offenbach, nos oferece cheio de prazer. Mas, como estou viajando e o faço “Pour Elise.”Ah! Esse Beethoven, sempre nos aprontando uma das suas. -Uma das suas maravilhas.
E ela vem acompanhada do “Impromptu” de Schubert e da “Grande Valsa Brilhante.” De quem? É claro que é do inigualável Chopin. Mas, são tantos os gênios que nos vêm naqueles momentos, que não há tempo exeqüível para ouvir a todos...E, a viagem prossegue, eu penso no tempo. Mas, o que é o tempo? O que é espaço, quando vislumbramos “Os Boleros de Ravel,”! Sabendo de antemão que eles possuem a capacidade de burlar o nosso tempo. Prossigo navegando, e navegando através do tempo-espaço, rompendo barreiras, já, sem resistência à leis físicas, e percorrendo uma seqüência cronológica irreal. A vida também é assim: -Irreal. Às vezes é um sonho. Você tem dúvida quanto a isso? E então, pergunte-se. Busque-a, dentro de você mesmo? E só você será capaz de encontrá-la. Haja visto que, cada ser é um ser. Só existe “clone” de matéria. A alma na sua essência é inatingível. Ela é parte integrando do Todo
Como, às vezes, toques sutis, conduzem-nos a um vai e vem, que normalmente é inacessível.-Eles nos transmudam...
Tudo bem, mas creio que já é tempo de retornar. Mas acredito que ainda haja tempo. Não posso voltar sem deixar de ouvir a “Grande Marcha de Aída” de Vivaldi. -Encontro-me extasiado neste momento e fico ainda muito mais, com os “Adágios” de Albinoni, principalmente “Adágio para corda Sol Maior”! Ele possui, exerce em mim um poder transformador e imediatamente me transmuta no tempo-espaço e, cada vez mais, sinto-me um “Voyager”. Um viajante das belezas da vida. E, aí, vem “O Regresso” de Peer Gynt, que me alerta para o tempo, desperta-me para a realidade!. Não há jeito, tenho de voltar preciso e voltar, a vida continua.... Tenho ainda uma missão para cumprir, afinal, estou em Busca da Luz Maior.
Mas ainda há um tempinho para ouvir “Os sonhos de Amor” de Liszt, senão, ele vai pensar que o estou discriminando em relação aos outros amigos...Então, ouço-o e preparo-me para o retorno. Vou fazê-lo. É preciso fazê-lo. Tenho necessidade de retornar a fim de continuar a cumprir minha missão, de voltar a me envolver com o meu Pesado Fardo.
Por quanto tempo ainda, não o sei? Eu só sei que o meu regresso não pode mais ser postergado.
Zás-trás.
Estou novamente sob as vibrações das freqüências terrestres. Os outros amigos que me perdoem e eles sabem muito bem, o que, realmente, acontece. Porisso, e não posso mais alongar, aqui, a minha estada. -Só os Amigos são capazes de entender isso, e de saber que outras oportunidades virão, quando alguma coisa nos impede de uma realização em determinado tempo... Afinal. -Sou um viajante, tenho compromissos a serem realizados a serem cumpridos...
E oportunidades não faltarão. Os amigos que são verdadeiramente amigos bem o sabem, o quanto nos sentimos, como dolorido, não poder atendê-los, deixar de conviver, de nos ajudarmos mutuamente! Amigos são: emoções...
Desculpem-me, pois, os amigos que não foram aqui citados. Eu precisaria de muitos papiros, mas papiros como vocês sabem, o tempo os destrói, contudo os sentimentos que vem de dentro, e que são registrados lá no fundo do coração e que a cada vez mais renovam aumentando a sua intensidade!... Haverá, contudo, oportunamente, novas confraternizações onde todos se reunirão, ainda temporariamente, até que em júbilo-maior, juntos, cantemos, e acompanhemos o Schubert em: “Ave Maria”... Saudando o Imensurável!! – O nosso Criador –Ao chegar este momento, essa hora, todos juntos, desfrutaremos permanentemente de uma indescritível alegria sob a iluminada irradiação emanada pela Magnânima Luz, espargida pelo Eterno....